sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Por amor

Por você perdi muitas noites de sono. Por você me peguei várias vezes sonhando acordada no meio de uma reunião importante. Por você perdi minha paz, minha calma. Por você arrumei briga com pai, mãe, irmão, amigos...
Por você, fui a melhor versão de mim mesma. Fui intelectual para termos o que conversar com seus amigos metidos a cultos, fui enfermeira pra te cuidar, fui técnica em matéria de futebol pra gente poder gritar juntos vendo o jogo no pé sujo ou no Maracanã. Fui até frágil pra que você pudesse se sentir mais forte e mais "homem" ao meu lado.
Por você, assisti aos filmes de terror que você ama/que eu odeio, e depois passei a noite em claro com medo. Por você, fiquei horas na fila debaixo de chuva pra comprar o ingresso do show do Metallica que você queria tanto ir.
Por você eu aturei seus amigos malas dentro de casa. Por você, eu gargalhei até quando suas piadas não tinham a menor graça.
Por você, relevei nossas discussões e concordei muitas vezes com você mesmo não tendo razão. Por você, fui paciente e esperei. Esperei até não conseguir mais.
Por você, tomei vários porres pra esquecer a falta que você fazia no lado direito e vazio da minha cama. Por você, beijei várias bocas procurando seu beijo sem encontrar. Por você perdi meu chão, meu ar.
Se eu faria tudo de novo? Não. Nem por você, nem por ninguém. Talvez por um novo amor.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Momento

Um dia, uma noite. Um sonho permitido.
Um beijo, uma briga. Nosso jeito peculiar.
Um encontro, alguns desencontros. Um adeus passageiro.
Uma promessa, uma decepção. Uma ilusão perdida.
Um choro, um abraço. Nossa cumplicidade.
Um olhar atento, uma confissão. A verdade a qualquer preço.
Uma saudade, um amor. Nossos erros e acertos do passado.
Uma ferida, um sopro. Um tempo indeterminado.
Uma palavra, um lamento. Nossa mútua incompreensão.
Um silêncio, um suspiro. Nosso conforto.
Um desejo, uma satisfação. Uma provocação consentida.
Um segundo. Nosso momento eterno.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Morte da fênix

Os 350ml de café que tomei pra despertar, e tentar absorver a idéia de que tudo não foi mesmo um pesadelo, não adiantou. A ficha cai, mas enquanto vejo sua fria presença por aqui, rezo pra eu esteja somente dormindo. Sofro pensando que em algum momento eu realmente não acorde – nem você – e tudo isso seja mesmo a realidade.
Já sabia que em algum momento nossa convivência chegaria ao fim. Me preparei para quando acontecesse. Mas pensei estar preparada... E me enganei. Qualquer separação é sofrida. E na vida, experimentamos esses sentimentos sem ensaio. Pra cada circunstância uma dor diferente. E nem por isso menos dolorido. Dor, sofrimento, tristeza, não se medem. Sentimentos não são mensuráveis.
Separação é a interrupção de uma relação, um afastamento (momentâneo ou eterno), é abandonar aquela vida que compartilhavam, é desligar-se do outro, é desapegar-se da vida que tinham em comum.
A verdadeira separação é uma espécie de morte do outro indivíduo. E em alguns casos, separação é um eufemismo pra morte propriamente dita.
E eu aqui, após 25 horas sem dormir, dessa vez por conta de uma recente separação, mesmo estando totalmente desperta por conta da cafeína posso dizer que agora estou morta. Mas sei que não pra sempre, pelo menos por enquanto. A fênix queimou e virou cinza. Mas em breve ela renascerá.

*Post dedicado à minha companheira dos últimos 15 anos. Melissa, minha cachorrinha mais amada. Descanse em paz.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ela era.

Ela era impulsiva. Todos os seus atos tinham pelo menos um quê de imprudência. A cada passo, dois tropeços, e sempre um colo pra amortecer a queda. Sim, ela tinha sorte.
Meio desajeitada, dançava conforme a música, mas sempre no próprio ritmo. Dançava sozinha ou acompanhada. Preferia que fosse acompanhada. Sim, ela se sentia sozinha.
Ela era sensível. Com um domínio dos sentidos fora do comum. Percebia as sensações e impressões externas facilmente. Sim, ela sofria.
Um tanto instável, ela procurava por um chão. Uma forma de se manter firme e sólida. Mas qualquer sopro de calor ou uma brisa fria, eram responsáveis por sua dessolidificação. Sim, ela era vulnerável.
Ela era apaixonada. Movida pelo seu entusiasmo, a paixão era elemento essencial pra sua existência. E muitas vezes se entregava demais. Sim, ela colecionava decepções.
Bastante dócil, ela gostava que sentissem prazer ao estar em sua companhia. Se mostrava respeitosa, uma ótima ouvinte. Era capaz de dar opiniões mesmo que contrárias ao pensamento alheio de forma carinhosa. Sim, ela gostava da verdade, mas não de grosserias.
Ela era suave. Ou sempre tentava ser. Aquele que a tirasse do eixo, podia até receber seu perdão, mas perdia sua companhia. Sim, ela sabia ser forte.
Maior parte do tempo passava fazendo perguntas, desejando simplesmente saber. Pouca parte desse tempo, conseguia respostas. Mas quando as conseguia, recebia as melhores respostas, e até de perguntas nunca feitas. Sim, ela era curiosa.
Ela era metamórfica. Pensava tanto, que questionava os próprios conceitos. Acabava sempre mudando de idéia, percebendo que nada na vida é imutável. Sim, ela era um pouco melancólica.
Gostava da vida social. Via ali não só entretenimento e felicidade momentânea, mas também uma chance de observar/participar de experiências antropológicas. Era sua válvula de escape, e quase que uma oportunidade de entrar num mundo paralelo. Sim, ela gostava da adrenalina de perder o controle por uma noite.
Ela era livre. De espírito. Mas presa de coração.

*Qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência. Ou não.