quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pecado Capital

E aquele papo de 7 pecados capitais? Confesso que nunca entendi direito de onde vinha isso. Quem inventou essa lista de substantivos tão degradantes para o ser humano? É coisa de religião? Qual a diferença de um “pecado comum” pra um “pecado capital”?
Bom, não sei responder a essas perguntas. Mas o que me intrigou quando eu rapidamente pensei sobre esse assunto, é que acredito que todo mundo pelo menos uma vez por dia comete um – ou provavelmente mais – desses pecados.
Pensa rápido: A segunda-feira chegou, e você ainda cansado pela semana que passou e cansado do fim de semana (afinal, quem disse que se divertir não cansa?), não sente a menor vontade de trabalhar. Academia? Deixa pra próxima segunda-feira (dia oficial de começar a malhação). Sabe aquela preguiça até de pensar? Então, olha ela aí. Preguiça.
Não se encaixou nessa situação? Ok, vamos pra próxima.
Você está caminhando pelas ruas do bairro com sua humilde estatura média da mulher brasileira, e passa aquela mulher “tipo modelo” do seu lado. Porque ela não foi passar pelo outro lado da rua? No mínimo injusto. Você até tentou pensar por outro lado, admirar... Mas não deu. Inveja. (Citei o exemplo da altura já que é algo que não se pode mudar permanentemente, a não ser que você mantenha um salto de drag queen colado nos pés a vida inteira.)
Ou então, você que está vendo aqueles emails “educativos” que seus amigos te mandam com a mensagem no assunto “cuidado”, pra ninguém pegar você assistindo aqueles troços no meio do expediente, se depara com algo, digamos, “melhor” do que o seu. Não vamos desmerecer o que Deus te deu, porém... Bateu uma inveja. (Mais uma vez citei o exemplo “tamanho” já que nesse caso também é algo que não se pode mudar de forma permanente.)
E aquele seu apego? Apego a um lugar, a um objeto, a uma pessoa, a uma informação, ao dinheiro... Todo mundo tem algum apego, daquele tipo bem avarento, sabe? Mesmo que não saiba, você com certeza tem um, só provavelmente ainda não o descobriu. Sim, você é avarento, tenha consciência disso ou não.
Sabe aquele dia que você acorda com o rei na barriga? Ninguém é inteligente, bonito, útil ou eficiente perto você. É raro, e esse momento pode durar apenas uns minutos, mas é inevitável que uma hora ou outra você vá estar nas mãos da soberba.
E aqueles outros dias que você acorda achando que o mundo é injusto, que nada dá certo pra você, as pessoas a sua volta não te compreendem... (Muito comum nas mulheres que sofrem de TPM.) A solução rápida que você encontra é preencher essa falta com alguma coisa. E vamos lá se entupir de sorvete, pizza e afins! Quase não se sente o gosto de nada porque a idéia não é se alimentar, é preencher esse vazio o mais rápido possível. Gula.
A gula não para por aí. A gula é exatamente essa coisa da voracidade de, por exemplo, querer engolir o mundo, o querer saber de tudo, mas sem conseguir apreciar ou aprender, ou seja, sem sentir o gosto de nada.
Outra situação em que, com certeza quem já passou por isso, não discorda. Lembra aquele dia que você descobre que seu/sua namorado/a está te traindo? O sentimento é imediato. Não existe nada que explique melhor o que passa dentro da gente quando isso acontece quanto a ira.
E por último, mas não menos importante, aquelas nossas vontades, aqueles desejos incontroláveis... Ah, a luxúria... Quem não tem seus momentos de ceder aos “prazeres carnais”?
Tirando a conotação religiosa, pecar vem da palavra "pecare" que quer dizer "errar de alvo ". Sempre que nós "pecamos", erramos de alvo. Agora, depois de falar sobre situações que são tão comuns na vida de nós, reles mortais, me pergunto: Estaríamos todos nós fadados a pecar? Afinal, os pecados citados acima são, na verdade, parte do instinto do ser humano, que por ser racional, pode com o tempo aprender a controlar tais instintos. Ou não.
Será que realmente nossos instintos nos desviam dos nossos objetivos/alvo? Não seria meio injusto colocar em guerra aquilo que nos faz seres tão distintos e especiais? Nossos objetivos vêm de fontes racionais. Já nossos instintos são de procedência sentimental. Nenhum tem controle sobre o outro. Não são inimigos, e sim parceiros em todas as nossas decisões e atitudes que tomamos.
Pensar em “pecar” ou não “pecar” é uma questão que talvez eu, nem ninguém, nunca consiga responder.
E enquanto eu penso nisso, vou seguindo meus instintos e, de quebra, acertando meus alvos.