segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Amar (não) é careta

Nos últimos tempos tenho me deparado com certas atitudes e pensamentos sobre amor que me deixam inquieta. Apesar do nosso senso atual querer sempre mostrar que somos muito auto-suficientes, a verdade é que ninguém vive sozinho. No máximo, se sobrevive sozinho.

Partindo desse princípio, não deveria ser vergonhoso querer ter alguém pra amar, e estar junto quando precisa, e quando não precisa também. Afinal, o QUERER é sempre melhor do que o PRECISO. Dá um tom de livre escolha na relação...

Voltando ao assunto, quando falamos em amor no século XXI com a geração dos 20 e poucos, percebo uma certa vergonha em assumir que “precisamos” e queremos alguém do nosso lado. A gente adquiriu uma síndrome de “loser”, na qual assumir um desejo que reside em outro ser humano é sinal de fraqueza, que não deveria NUNCA ter chegado aqui.

E aí, atingimos um patamar crítico: no século XXI não se ama. Ninguém quer saber de ninguém, somos todos corpos que se juntam numa sexta ou num sábado à noite pra intuito de diversão. Amar é bobagem, é “out”, não é “cool”. Amar é coisa de gente careta.

Pra compensar essa falta da estabilidade no amor (que adentrou todos os outros campos da vida), a nossa geração sabe SE APAIXONAR. Paixão é cool, é hot, é in. Paixão e loucura são melhores amigos. Melhor ainda: paixão e loucura são amantes, e, claro, mantém um relacionamento aberto.

No século XXI, a intensidade das coisas é tão forte, que não vale a pena nada que não se tenha paixão. Concordo e discordo.

É preciso realmente ter paixão pelas coisas. Paixão pelo trabalho, paixão pelo mês de férias, paixão pelas pessoas que você escolheu conviver (conhecidos como amigos), paixão pela pessoa que você se tornou e se transforma todos os dias.

Paixão é aquilo que tira a gente da cama! Por paixão se deve viver.

E o amor nisso tudo? Bem... O amor é aquilo que te traz paz. É preciso amar todos os segundos que se está vivo, amar quem faz esse trajeto contigo, amar quem você é e quem você vai ser.

Amor é aquilo que te deixa ir pra cama tranquilo. (E tranquilidade, hoje em dia, é artigo de luxo. É coisa pra quem pode...) Por amor, simplesmente, se é.

E é aí, onde eu vejo que a nossa geração está se perdendo. Paixão é bom, e é necessária, sim! Mas amor é um outro espaço que se conquista. Ele vem logo depois que você se apaixona, e podem até dividir o mesmo espaço, sem brigas.

Então relaxa, gente... Fiquem à vontade e sem pudor: Amar não é careta.